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Em Umuarama e região

Produtores sofrem risco de colapso com queda no preço pago por laticínios

A produção leiteira é a principal atividade de pequenas propriedades rurais da Capital da Amizade, que no ano passado produziram 19,7 milhões de litros

Publicado em 19/06/2023 às 14:19

Apenas na Cooplu (Cooperativa dos Produtores de Leite de Umuarama) são 53 produtores e uma média de 10 mil litros/dia (Foto: Assessoria)

Uma situação atípica tem assustado produtores de leite de Umuarama e região. Com a proximidade do inverno, a tendência de aumento do preço – em virtude da queda da produção, natural no período – não se confirmou e, do contrário, houve uma redução de R$ 0,25 a até R$ 0,35 por litro. Com isso, o valor recebido pelos produtores não vem cobrindo os custos de produção e ameaça a sobrevivência do setor.

A produção leiteira é a principal atividade em centenas de pequenas propriedades rurais de Umuarama, que no ano passado produziram 19,7 milhões de litros – média mensal de 1.640.000 litros. “A produção teve redução, em relação ao ano anterior, mas o leite ainda é a principal fonte de renda para os agricultores familiares. Apenas na Cooplu (Cooperativa dos Produtores de Leite de Umuarama) são 53 produtores e uma média de 10 mil litros/dia”, afirmou o presidente da entidade, o produtor Elson Castro Tamaio Júnior.

Membro da comissão técnica do Conseleite/PR, um conselho que reúne representantes de produtores e das indústrias de laticínios que processam a matéria-prima (leite), Tamaio avalia que o cenário ameaça os produtores. “Somos o elo da cadeira produtiva que está absorvendo a redução no preço, já que no mercado o litro do leite não baixou para o consumidor. O produtor recebia R$ 3,00 ou mais por litro e neste mês não foi além de R$ 2,70, apesar das projeções de estabilidade do Conseleite”, explicou.

O Noroeste do Paraná (Umuarama é o polo regional) tem a terceira maior bacia leiteira do Estado – atrás apenas das regionais Sudoeste (Francisco Beltrão e pato Branco) e Central (Ponta Grossa e Castro). “A Prefeitura contribui para a atividade com vários incentivos, entre os quais a distribuição de 3,5 mil doses de sêmen para o melhoramento genético do plantel leiteiro. Apenas com esta ação, o município auxilia os produtores na produção diária de mais de 25 mil litros”, acrescentou o secretário de Agricultura do município, Murilo Teixeira.

O prefeito Hermes Pimentel apoia o apelo dos produtores por uma melhor remuneração, sob o risco de a atividade ser inviabilizada a continuar a atual política de preços. O prefeito esteve reunido com o presidente da Cooplu, Elson Tamaio, e os secretários municipais de Agricultura, Murilo Teixeira, de Proteção e Defesa do Consumidor, Sara Urbano, e de Administração, Deybson Bitencourt.

“Não temos muito o que fazer, a não ser continuar apoiando os produtores com insumos, sêmen de qualidade para a melhoria do plantel, orientação e acompanhamento técnico. Mas somos solidários na busca por preços melhores e na mudança da política nacional para o leite importado, apontado como principal responsável pela queda no valor pago aos produtores”, afirmou o prefeito.

O leite importado é, de acordo com a associação de produtores de leite do Paraná, o motivo mais significativo para a queda no preço pago ao produtor. As importações bateram recorde em maio deste ano e a tendência é de aumento, diante do baixo preço do leite adquirido principalmente da Argentina e do Uruguai – que pode cair ainda mais com a redução na cotação do dólar.

Taxação

O pedido dos produtores é que o governo federal crie uma taxação para a importação dos produtos lácteos a fim de proteger o produtor local. A atividade leiteira tem função social e econômica de extrema importância para o país. Está presente em 5.504 municípios (dos 5.568 que compõem a nação), é a principal atividade de 1,2 milhão de produtores e gera quatro milhões de empregos diretos e cerca de 12 milhões de indiretos em toda a cadeia produtiva.

Já existem movimentos políticos solicitando do governo a taxação do leite importado via Mercosul, associações de produtores de leite de várias regiões do Estado recorreram à frente parlamentar da agropecuária em Brasília e há expectativa nas novas projeções do Conseleite, para verificar se a indústria vai baixar o preço final, para justificar a redução no valor pago aos produtores (divisão de perdas).

Política de preço

“O produtor não coloca preço no seu leite. Ele entrega sua produção às cooperativas ou laticínios, que pagam após 40, às vezes 45 dias, o valor que estiver no mercado. Por isso o produtor acaba trabalhando no vermelho e amargando prejuízo. Esta política precisa mudar, ainda mais agora, com a queda vertiginosa nos preços. É preciso considerar a importância social da atividade leiteira e os problemas que podem ocorrer com o seu encolhimento”, completou Tamaio.

Para os produtores, a orientação é se mobilizar e buscar suas entidades representativas para entender a situação do mercado e cobrar mudanças na política de preço. Até manifestações públicas na frente de supermercados já estão previstas, para alertar o consumidor. “A atividade é crucial para a economia rural, o sustento de inúmeras famílias e a paz no campo, principalmente para os pequenos produtores, por isso a Prefeitura está ao lado deles nessa luta”, concluiu o secretário Murilo Teixeira.

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