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Deriva de agrotóxico em Umuarama causa danos a 220 sericicultores no Paraná

A porção de defensivos atingiu a produção da única empresa nacional produtora de fios de seda num momento fundamental

Publicado em 22/03/2022 às 15:32
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Somente no Paraná já são 306 casos de intoxicação por aplicação irregular de pesticidas com denúncias formalizadas perante o órgão de defesa agropecuária (Foto: Assessoria)

Nesta semana um dos campos de criação do bicho da seda, localizado no município de Umuarama, foi atingido pela deriva de agrotóxicos, gerando a perda total da produção do nascimento de 17/3/2022. Foram 910 caixas de larvas do bicho da seda descartadas, totalizando mais de 220 famílias de sericicultores no Paraná que tiveram sua renda mensal comprometida porque não receberão as larvas do bicho da seda para criação.

A Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná) foi ao local do sinistro para constatação dos fatos e devidas providências. “O uso de produtos aprovados, e formas de aplicação adequadas, evitam a deriva de agrotóxicos. Se a substância química atingisse apenas o alvo desejado da monocultura no latifúndio, já seria um grande passo”, detalha Renata Amano, presidente da Abraseda - Associação Brasileira da Seda.

A Sericicultura é uma atividade agropecuária que consiste no plantio de amoreiras e na criação do bicho da seda. A cultura que melhor remunera o pequeno produtor rural por hectare de área plantada no Brasil, e tem alto valor bruto de produção, contribuindo substancialmente ao patrimônio público municipal e gerando empregos para toda a região.

Na intenção de garantir qualidade do produto final, a criação nas duas primeiras idades é realizada em ambiente controlado e protegido, garantindo a saúde e bom desenvolvimento do inseto.

As lagartas do bicho da seda chegam à propriedade do pequeno produtor rural familiar somente na terceira idade, onde serão alimentadas com folhas de amoreira frescas e permanecerão até a formação do casulo de seda.


No entanto, o Brasil apresenta alto consumo de agrotóxicos e registra ocorrências de danos ao meio ambiente e à saúde humana. A Sericicultura é apenas mais uma cultura agropecuária sensível que sofre com a intoxicação decorrente do uso indiscriminado de pesticidas.

Somente no Paraná já são 306 casos de intoxicação por aplicação irregular de pesticidas com denúncias formalizadas perante o órgão de defesa agropecuária.

De acordo com Shigueru Taniguti Júnior, Presidente da Bratac, o prejuízo dos Sericicultores ultrapassa R$2,7 milhões nos primeiros meses de 2022. A indústria de fiação de seda perdeu mais de R$30 milhões em futuras exportações de fio de seda no primeiro trimestre deste ano, e toda a cadeia produtiva da seda irá sofrer as consequências com a falta de matéria prima.

Dentre os municípios do Paraná que apresentaram ocorrências de deriva de agrotóxicos impactando a Sericicultura em 2022, temos, na região:

- CIANORTE

- DOURADINA

- ESPERANCA NOVA

- ICARAIMA

- IPORA

- IVATE

- NOVA OLIMPIA

- PARANAVAI

- PEROLA

- RONDON

- SAO JORGE DO PATROCINIO

- TAPIRA

- TERRA RICA

- TUNEIRAS DO OESTE

- UMUARAMA

- XAMBRE

Mais de 400 Sericicultores já abandonaram a atividade nesta safra. A família rural que vende ou arrenda a propriedade no campo em decorrência da ausência de perspectivas de produção, sofre de forma abusiva com o subemprego na cidade.

A conscientização dos riscos associados e a apresentação de alternativas agroecológicas para a sociedade pode incentivar a criação de políticas públicas que defendam práticas mais sustentáveis nas culturas em larga escala.

O cumprimento dos requisitos legais e o respeito entre agricultores é o caminho para que diferentes culturas agrícolas coexistam de forma harmoniosa no Paraná.


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