Ser caminhoneiro não é fácil, é preciso enfrentar a solidão
da viagem, a distância da família e os perigos da estrada. Mas para um casal de
Umuarama todas essas dificuldades não são obstáculos. Eles se aventuram há mais de
10 anos pelas estradas do Brasil em nome da paixão pela profissão.
Marli dos Santos Carvalho, de 48 anos e Aparecido de Souza
Carvalho, de 50 anos, estão juntos há 30 anos. O casal tem três filhos. Eles se
conheceram no pequeno distrito de Nova Jerusalém, a 80 quilômetros de Umuarama.
Juntos vieram para a Capital da Amizade, onde Aparecido
conseguiu um emprego de motorista de caminhão, enquanto a esposa ajudava na
renda familiar como faxineira.
Alguns anos depois o esposo decidiu comprar seu próprio caminhão e passou a trabalhar por conta. Mas após um grave acidente de trânsito, decidiu vender o veículo e voltou a trabalhar como funcionário.
Superado o trauma do acidente, Aparecido comprou outro
caminhão e passou novamente a trabalhar como autônomo. Nesse período, a esposa
começou a viajar com o marido e as vezes aproveitava para pegar a direção do
veículo e assim, aprendeu a dirigir.
Com os filhos crescendo, Marli decidiu abandonar a estrada
para ficar com eles. No mesmo período, seu esposo vendeu o caminhão para
comprar uma van escolar para Marly trabalhar, enquanto ele continuava viajando,
mas dessa vez, como funcionário.
Se passaram oito anos, quando em 2009 ela recebeu um convite
do esposo para trabalhar com ele. “No começo fiquei com muitas dúvidas, mas
pensei bem, e topei”, disse a caminhoneira.
Ela conta que conversou com o patrão do esposo, que de imediato aprovou a ideia. “O patrão queria que eu fosse viajar já no mesmo dia” disse.
Marly relembra que primeiro tirou a habilitação e no
primeiro mês do ano de 2010 começou a trabalhar junto com o marido, mas com um
detalhe: cada um com seu próprio caminhão.
A primeira viagem, segundo ela, foi para Cascavel e,
acreditem, de lá os dois partiram juntos para Maringá, Paranaguá, Goiás,
Recife, Salvador e Brasília. “Mas sempre com meu marido no rádio amador
perguntando se eu estava bem, ou se estava cansada”, relata.
Foram cerca de quatro meses na estrada, enquanto o filho
mais novo que dependia de atenção ficava com a mãe do esposo. Desde da grande
viagem já se foram 10 anos de estrada.
Hoje, cada um comprou seu próprio caminhão. E foi suando nas estradas que eles conquistaram também a casa própria, que era o sonho de Marly.
Por causa do nascimento do neto, a caminhoneira disse não
ter ido com o esposo viajar, mas que ele tem ligado todos os dias reclamando da
falta que a companheira faz. “Ele já está doente na estrada, fica reclamando
que eu não fui com ele e que sente falta da minha comida”, disse.
“Espero já ir com ele na próxima viagem, pois é o que amamos
fazer”, finalizou.