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Operação Metástase

Ataques ao dinheiro da Saúde de Umuarama eram sucessivos e semanais, diz MPPR

Curiosamente, uma das contas que teria dinheiro público desviado é de uma criança de apenas cinco anos, filho de um dos acusados

Publicado em 12/05/2021 às 05:45
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Valdecir Miester é apontado como líder da organização criminosa que desviou pelo menos R$ 19 milhões da Saúde de Umuarama (Foto: MPPR)

Em sua argumentação contra a soltura do ex-assessor parlamentar Valdecir Miester, preso na Operação Metástase, o Ministério Público do Estado do Paraná (MPRP) faz uma alegação que surpreende. Segundo o organismo público de proteção dos interesses da sociedade, as investidas do acusado e dos demais envolvidos em uma organização criminosa suspeita de ter desviado R$ 19 milhões da área da saúde de Umuarama, eram sucessivas e semanais, a última, no dia 22 de janeiro de 2021.

O MPPR também destaca que investigadores flagraram o acusado ingressando na Prefeitura de Umuarama por uma porta lateral, com a advertência “restrita para funcionários”, carregando uma mochila vazia e de lá saindo com a mesma mochila contendo, em tese, aproximadamente R$ 100 mil em dinheiro. E toda a ilegalidade, segundo a investigação do MPPR, aparentemente teria o aval do prefeito municipal Celso Luiz Pozzobom.

O esquema de desvios de recursos dos cofres públicos ocorria por meio de fraudes em licitações - direcionamento para empresas e hospitais de interesse do grupo -, fraudes em contratações diretas - também mediante favorecimento a empresas e hospitais ligadas aos acusados -, superfaturamentos e corrupção ativa e passiva - com depósitos em contas de investigados e de terceiros. Curiosamente, uma das contas é de uma criança de apenas cinco anos, que seria filho de um dos investigados.

A operação, realizada no último dia 5 em Umuarama, resultou no cumprimento de 62 mandados de busca e apreensão em Umuarama, Cascavel (PR) e Boa Vista do Paraíso (PR), além da prisão de sete pessoas: uma delas em Brasília (Distrito Federal) e do restante em Umuarama, entre eles, um diretor de hospital, empresários e dois servidores públicos municipais.

O que diz os acusados citados nesta reportagem:

A defesa do ex-assessor parlamentar diz que “de forma lamentável o mesmo está sendo vítima de uma investigação descabida, cujos fatos alegados pelo Ministério Público são unilaterais, sem qualquer comprovação da verdade real, onde também se encontram ausentes os princípios consagrados pela nossa Constituição Federal Brasileira: princípios do contraditório e ampla defesa”.

O prefeito de Umuarama chamou de natural e fiscalizatória a operação do MPPR, já que o município recebeu grande valor de recurso para o combate à pandemia do novo coronavírus. Ele também negou que esteja envolvido em organização criminosa suspeita de praticar os crimes de peculato e falsidade ideológica a partir de desvios na área da saúde.

“Eles [MPPR] têm um levantamento do desvio de alguns recursos passados pelo Governo Federal para nossas entidades hospitalares, e eu sou o chefe do Executivo, estou aqui capitaneando um volume grande de pessoas e hoje algumas foram detidas ou afastadas, é passível que viessem buscar algumas coisas para ver se tinha indícios do chefe Executivo nisso também”, comentou o Pozzobom, ainda no dia da operação.

Nota do MPPR

Em nota oficial, divulgada no fim da tarde desta quarta-feira (12), o MPPR se manifestou sobre o vazamento de conteúdo da manifestação oferecida por ele em autos judiciais da Operação Metástase. Segue abaixo, e na íntegra:

Diante da publicação do conteúdo de uma manifestação oferecida pelo Ministério Público do Paraná em autos judiciais da Operação Metástase, o Núcleo de Umuarama do Grupo Especializado na Proteção ao Patrimônio Público e no Combate à Improbidade Administrativa (Gepatria) e o Núcleo de Cascavel do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) esclarecem que o vazamento da referida peça não decorreu de membros ou servidores do Ministério Público e que as referidas unidades ministeriais desconhecem por qual via o teor da peça chegou ao conhecimento da imprensa. Destaca-se que os citados núcleos do Gepatria e do Gaeco repudiam toda e qualquer divulgação do conteúdo das investigações, cujo teor está sob sigilo absoluto e que sempre foi preservado pelos órgão da Justiça.

Saiba de todas as informações sobre a operação nos seguintes links do Portal da Cidade Umuarama:

- Preso grupo suspeito de fraudar R$ 19 milhões da Saúde de Umuarama

- Casa de férias foi construída com dinheiro desviado da Saúde de Umuarama, diz MP

- Afastada da Saúde, secretária diz em nota que está com a 'consciência tranquila'

- MPPR aponta Alfredo Kaefer como beneficiário dos desvios da Saúde de Umuarama

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