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Cultura

Dois autores e um livro que desnuda a história por trás da história de Umuarama

O livro de Ederson Gimenes e de Michelle Rodrigues é um mergulho nos acontecimentos que forjaram Umuarama

Publicado em 24/06/2024 às 17:27
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No caminho do escritor Ederson Gimenes a história de Umuarama ganhou outros contornos (Foto: Eduardo Sebim/Portal da Cidade Umuarama)

Na próxima quarta-feira, dia 26 de junho, Umuarama completará 69 anos. A cidade cresceu sob o afeto de local acolhedor, onde os amigos se encontram, e assim, se fez a Capital da Amizade. Mas, como toda história que se preze, há lacunas em sua fase de surgimento e até informações incorretas que ser tornaram “verdadeiras” na prosa cotidiana, sendo repassadas de gerações a gerações.

Contudo, para o mais apaixonado por suas origens, passando pelo curioso, e chegando aos ávidos pela história da Capital da Amizade, o livro História de Umuarama do historiador, professor, chefe de cozinha e, acima de tudo, um simpático amante de Umuarama, Ederson Gimenes, desnuda e esmiúça a história desta cidade que surgiu com a exploração da madeira, café e que concretizou na criação de gado a sua mais importante atividade econômica.

“Umuarama era um local com mata fechada e muitos índios, porém, não era interesse do Governo Federal e do Estado divulgar isso, porque a intensão era tomar essas terras”.

Imagem que ilustra o livro História de Umuarama/Acervo Companhia Melhoramentos Norte do Paraná

Em geral, a história de Umuarama ganha ênfase com a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Porém, a CMNP como é chamada atualmente, comprou as terras de Raimundo Durães – um rico cafeicultor mineiro que morava em São Paulo e que exercia além da agricultura, o ramo de “picaretagem” – que é a dedicação à venda de qualquer bem – e a corretagem de terras.

O nome Umuarama foi sugerido pelo cafeicultor por ser de um hotel de Ribeirão Preto. O Hotel Umuarama foi o primeiro edifício alto de Ribeirão Preto, com 12 andares. Foi empreendido por Antônio Diederichsen, e sua construção teve início em 1947 e sua inauguração aconteceu em 1951.

“Durães comprou em 1953 uma fazenda que deu origem a Umuarama e começou a tocar ela, mas, veio a Companhia e comprou e começou a abrir a mata. A única entrada de Umuarama na época era uma picada que tinha sua entrada onde hoje é o Clube Português. Neste mesmo caminho havia um projeto para a implantação de um trilho para trem”.

Mais uma imagem que ilustra o livro História de Umuarama/Acervo pessoal Wanderley Stevaneli

O primeiro empreendimento de Umuarama, antes do café e da venda de lotes pela CMNP, foi a madeira com a Serraria Mineira, implantada próximo ao aeroporto municipal, aliás, no começo de tudo, apenas se chegava aqui de avião. “Para se ter uma ideia, para chegar a Maringá de veículo, em condições climáticas adequadas, se levava cerca de dois dias em meio a uma picada”.

O passado de Umuarama teve em sua composição um velho problema social brasileiro: a falta de reforma agrária. A busca legítima pelo pedaço de chão é uma luta antiga, que remonta ao início do século passado no Brasil. A especulação imobiliária e a ganância também propiciaram no campo de origem da Capital da Amizade embates entre famílias de posseiros e grileiros, tendo como pano de fundo até a morte de índios.

Outra imagem que ilustra o livro História de Umuarama/Acervo: Umuarama em Debate, resgatando nossa história

Apesar das dificuldades em se obter em trabalho de campo as origens de qualquer cidade brasileira, em geral pela falta de cultura histórica, notamos pelas ótimas descobertas que o livro faz da história de Umuarama, que tal empecilho não foi barreira para Gimenes e sua esposa, a mestre em pedagogia Michelle Rodrigues, que também assina o livro, formulassem essa bela obra.

Ele revelou com exclusividade para o Portal da Cidade Umuarama que vem por aí um novo livro que também fala da história da cidade, no caso de sua emancipação política. “Eu trato desde Walter Zanotto, que foi o primeiro prefeito empossado, até o atual prefeito”. A reportagem também descobriu que está engatilhado nos projetos do escritor um livro que vai retratar a história das pioneiras da Capital da Amizade.

Mais uma imagem do acervo Umuarama em Debate, resgatando nossa história, que está no livro

Gimenes faz um verdadeiro resgate sobre a história de Umuarama, e curiosidades saltam do livro ou em um mero bate-papo sobre a obra. O livro sana muitas curiosidades, se não todas sobre a estruturação administrativa, arquitetônica, política e social de Umuarama.

“Eu consegui colocar pessoas de várias áreas. O primeiro funcionário público do município foi o Teófilo dos Santos, conversei com seu neto que hoje é funcionário da prefeitura. A primeira professora da primeira escola que ficava na Vila Operária, hoje Anchieta, também está no livro. Hoje ela reside na Suíça”.

Outra imagem do acervo da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná que consta no livro

O autor destaca que Umuarama deve a sua expansão econômica em seus primeiros anos e sua transformação em cidade aos projetos de Durães, que praticamente começou com o povoamento das terras que se seguiram com a CMNP e que chamou a atenção de famílias de outros cantos do Brasil. “Talvez sem ele, as terras continuassem sem planos pelos governos, sendo alvo de posseiros que matavam os índios, estupravam as índias e que vendiam seus filhos. Com Durães, Umuarama foi o novo Ouro Verde, chegando a ter 125 mil habitantes, fase que teve o seu término com a ‘Geada Negra’, dando lugar para a criação de gado”.

Assim como é peculiar à formação social de outras regiões do Brasil, desde as Capitanias Hereditárias, a concentração de renda ficou limitada a poucas famílias em Umuarama em seu surgimento, dificultando uma distribuição justa de bens econômicos que elevasse o grau de riqueza da população e, também mesmo com os projetos de Durães e da ação da CMNP, muitos posseiros e grileiros continuaram as suas ações, ganhando muito dinheiro com a madeira, com café e com gado.

A imagem da primeira prefeitura está no livro. Acervo Edivanil Fernandes

A madeireira Mineira e a Praça Arthur Tomaz eram dois pontos de efervescência social umuaramense, e nem sempre com tanto glamour. No caso da praça, era ali que chegavam os trabalhadores oriundos de outras partes do País, sobretudo do Nordeste, e alguns acabavam sendo levados para fazendas onde trabalhavam em troca de comida em um serviço análoga à escravidão.

Ederson Gimenes / escritor / Umuarama

Essência de Umuarama

“Foi muito prazeroso realizar o livro, de falar de minha cidade de outra maneira, e que não existe apenas a imagem comum, popular. Tem muitas coisas por trás dessas histórias que devemos descobrir para saber a essência da cidade, que já deveria ter um museu e um praça dedicada aos seus pioneiros”.

Ederson Gimenes / escritor / Umuarama

Os direitos sobre a venda do livro foram passados para a Associação de Pais e Amigos do Autista de Umuarama e Região (AMA) e se você ficou curioso em adquirir ele, é na AMA, que fica localizada na Rua Roberto Domingos Martins, 21, que você o encontrará.

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