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Preocupação

Produtores discordam de saída antecipada do Paraná como área livre de aftosa

Com a barreira criada para a entrada de novos rebanhos, haverá uma defasagem, prejudicando toda a cadeia produtiva, alega produtores

Publicado em 15/05/2019 às 06:45

O alerta foi reforçado no primeiro dos seis fóruns que serão realizados sobre o assunto, em várias regiões do Estado (Foto: Assessoria)

A decisão dos estados que pertencem ao bloco 5 do Pnefa (Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa) de apoiar a saída antecipada do Paraná é um equívoco enorme e afetará profundamente produtores e todos os setores que dependem da entrada de animais de outros estados para as suas atividades.

O alerta foi reforçado nesta terça-feira (14) pelo diretor da Abrafrigo (Associação de Frigoríficos do Brasil), Jeremias Silva Júnior, em Paranavaí, no primeiro dos seis fóruns que serão realizados sobre o assunto, em várias regiões do Estado. 

De acordo com Júnior, a opinião que apresentou a um grupo de cerca de 2 mil pessoas, entre produtores rurais e lideranças políticas e agropecuárias, é consenso entre sociedades rurais, empresas e entidades que atuam no segmento de gado de corte.  

O Paraná conta com um rebanho de aproximadamente 10 milhões de cabeças de bovinos, sendo cerca de 50% animais de corte. Mais de 2% desses bovinos que são destinados ao abate chegam de outros estados. 

Com a barreira criada no Paraná para a entrada de novos rebanhos, haverá uma defasagem, prejudicando toda a cadeia produtiva de carne, incluindo frigoríficos, curtumes, processadoras de ossos e até mesmo a indústria de biodiesel proveniente da gordura animal.

O clima é de apreensão no setor. Maior exportador paranaense de carne para o mercado Kosher, que segue as leis judaicas de alimentação, o Frigorífico Astra já se antecipa aos efeitos da medida. Os investimentos na ampliação da estrutura física foram suspensos. Trezentos funcionários podem ser demitidos. 

Landyr Marucci, do Curtume Panorama, também no noroeste do Estado, fala da reação negativa em cadeia. “Oitenta por cento da minha matéria-prima vêm do (frigorífico) Astra. Se diminui lá, diminui aqui também. Se tiver que buscar couro longe, vão aumentar os custos e a competitividade vai reduzir. As demissões são, sim, inevitáveis”.

A defesa é pela saída em bloco, junto com outros estados. Assim, ao invés do Paraná parar este ano de vacinar, poderia sair junto com o bloco 2 ou o 3 do Pnefa, cuja suspensão da imunização está programada para o próximo ano. Seria a forma do Estado não ficar isolado, conforme as lideranças.

“Estamos confiantes que o governador Ratinho Junior decidirá pelo melhor caminho e nesse intuito deixamos aqui registrado o nosso pedido de que o Paraná mantenha o que foi decidido, em comum acordo pelas partes envolvidas, em agosto de 2018, com resposta positiva do Ministério da Agricultura, e reiterado pelo próprio governador, no início do mandato”.

“Planejamos toda a nossa atividade em cima daquilo que foi planejado. Trabalhamos em cima de planejamento, que no caso da pecuária não é de curto prazo, por causa do tempo de terminação do animal bovino, diferentemente do frango e do suíno”, enfatizou Junior.

Em evento anterior, a presidente da Sociedade Rural de Maringá (SRM), Maria Iraclézia de Araújo, alertou para o risco de retrocesso da medida. A SRM é uma das entidades que assinam um manifesto endereçado ao governador Carlos Massa Ratinho Junior. 

“Os setores entendem que é benéfica a retirada da vacinação com vistas à uma valorização do produto nos mercados internacionais, mas não concordam com a saída isolada do Paraná”, destacou Iraclézia.

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