Chegar aos 100 anos está muito longe da expectativa de
vida do brasileiro, que está na casa dos 75,8 anos, segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E o que dizer então de uma pessoa
que já passou uma década do centésimo ano de vida. Dona Maria Leonor de Abreu
completa nesta quinta-feira (26), 110 anos.
Apesar da longevidade, ela continua saudável e se
comunicando com facilidade. Apenas a visão está enfraquecida. Ela acredita que
só continua viva por providência divina, mas se dependesse de sua vontade, já
gostaria de ter passado para a outra vida.
“Deus é quem manda, mas não eu não queria continuar
vivendo mais. Não tem mais ninguém, os amigos e a maioria dos parentes e filhos
já morreram. Não tem motivo para continuar vivendo, mas se Deus quer assim não
posso reclamar”, disse ela, nesta quarta-feira, enquanto cortava o bolo de
aniversário, oferecido pelas equipes das unidades de saúde do Avelino
Piacentini e Jardim Tropical.
A comemoração, mesmo que simples, é oferecida todo ano
pelas agentes de saúde do município, que acompanham a idosa há anos. A
fisioterapeuta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) Ana Fernanda
Vecchi, foi quem comprou as velas para comemorar o aniversário de dona Leonor.
“Para mim é uma satisfação comprar a vela de três dígitos”, declara ela.
Para Fernanda, a boa convivência com a família e a alimentação é que mantém dona Maria sempre forte para resistir ao peso da
idade. “A gente acompanha ela há cerca de sete anos e vê o carinho com que a
família cuida. Além disso, o genro é pastor e ela participa dos cultos, se
alimenta bem e é uma pessoa bem lúcida, mesmo com 110 anos. Isso surpreende a
gente”, comenta a fisioterapeuta.
Quem cuida da idosa é a filha Eleonora de Araújo, 61
anos, que luta contra o câncer. Ela acredita que vai morrer antes da mãe. “Eu
morro antes porque enfrento uma grave doença, enquanto minha mãe é saudável. O
médico diz que o único problema de minha mãe é a dor nas costas, mas isso é
pela idade avançada mesmo”, explica.
Para se ter uma ideia da lucidez de dona Leonor, seu
filho mais velho, de 84 anos, não a reconhece mais. Ele mora em Araruna e sofre
Alzheimer. Quando chega na casa da mãe e recebe o abraço, ele se afasta,
dizendo que não a conhece. “Meu irmão se lembra de mim, mas não da nossa mãe”,
conta a irmã Eleonora.
Dos 13 filhos que a idosa teve, apenas quatro são vivos.
Ela mora na Rua Princesa dos Campos, no Jardim Tropical II, em Campo Mourão, e nasceu em 26 de
julho de 1908, em Macaubas (Bahia). Para comprovar a idade, ela apresenta,
inclusive, a carteira de identidade.