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Nostalgia

Comércio de secos e molhados faz parte da história da Vila Três Placas

Segundo dono do único comércio local no fim da década de 60, agricultor aposentado não imaginava que sua família testemunharia a história do vilarejo

Publicado em 04/11/2019 às 01:43
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Até hoje o local onde funcionou o armazém de secos e molhados de Sylvio Bortolato, de 91 anos, resiste ao tempo (Foto: Portal da Cidade Umuarama)

Em 1961 a família de Sylvio Bortolato, de 91 anos, chegava à Vila de Três Placas, em Maria Helena, sem imaginar que sete anos depois seriam donos de uma das mais memoráveis atividades da época: o varejo de secos e molhados.

Segundo dono da única venda – como são popularmente chamados os armazéns de secos e molhados –, o agricultor aposentado também não imaginava que sua família testemunharia a história do local, que tinha o café como principal renda, e o comportamento de uma época marcada por nenhuma tecnologia.

Para ser considerada uma boa casa comercial, diziam as pessoas da época, o armazém de secos e molhados teria de ter disponível desde agulhas de costura até um elefante. Adelino Bortolato, de 66 anos, filho de Sylvio, explica que Três Placas tinha uma infraestrutura, como escola, para mais de mil habitantes, porém, era na venda que eles encontravam quase tudo que precisavam.

“Vendia-se muita coisa, como cigarros, aviamentos, Cibalena, Melhoral Infantil, bebidas, doces e principalmente ferramentas utilizadas na roça. Tinha produtos de A a Z”, destaca Adelino. Mas é sua irmã, Zenaide Bortolato, de 69 anos, que destaca uma curiosidade da época. “Vendíamos querosene para mover geladeiras, que eram utilizadas em momentos específicos, de festas, em geral se consumia as bebidas na temperatura ambiente”, revelou.

A diversão aos fins de semana era o jogo entre o time da vila e outros da região, o futebol estava em alta, levando toda a família ao campo. Havia também as festas de igreja, e a sinuca no armazém de secos e molhados, além do encontro das famílias no local, criando um ambiente social propício à realização de novas amizades. “Gostávamos muito de jogar baralho, realizávamos torneios na casa dos amigos e também organizávamos caçadas (atividade permitida na época) de pacas”, comentou Sylvio.

Adelino lembra com nostalgia da história da família que administrou a venda por três anos e depois a vendeu e se mudou para Umuarama na década de 90, deixando lá apenas o irmão Ademir Bortolato, de 64 anos. A mãe, Solange Fernandes Bortolato faleceu há dois anos aos 88 anos de idade, mas a matriarca acompanhou a chegada do lampião a gás e da eletricidade na década de 70. “Era uma época de muita fartura, todos se ajudavam, se um agricultor matava um porco, parte ele dava para o vizinho e tal atitude era sucessiva”, concluiu Adelino.

Sylvio Bortolato, de 91 anos (centro), com os filhos: Adelino e Zenaide

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