Agora sem mandato e foro especial por prerrogativa de função, Celso Pozzobom ainda terá que enfrentar duas acusações graves na Justiça. Ele é apontado pelo Ministério Público do Estado do Paraná (MPPR) como líder de uma organização criminosa que teriam desviado até R$ 19 milhões da Saúde de Umuarama.
Pozzobom também é investigado por fraudar o caráter competitivo de procedimentos licitatórios envolvendo o setor de obras do município. A denúncia gerou a Operação Jaborandi, referência à estrada de Umuarama, que recebeu uma das primeiras obras que originaram a investigação.
Acerca das acusações sobre desvios da Saúde, operação denominada Metástase investiga a atuação de uma organização criminosa suspeita de praticar os crimes de peculato e falsidade ideológica, além de fraudes em licitações e contratações diretas, superfaturamentos e corrupção ativa e passiva.
Segundo investigação do MPPR, foram encontrados indícios da aquisição de equipamentos náuticos e até da construção de uma casa de veraneio no Balneário de Porto Rico (PR), com recursos desviados de entidades filantrópicas da cidade que prestam serviços médico-hospitalares ao sistema municipal de saúde.
O MPPR, Gepatria e Gaeco apontam Pozzobom como líder da organização criminosa. Inclusive, o político teve o mandato cassado, na madrugada deste sábado (22), sobre a justificativa de que teria pago parcela de compra de apartamento, no Edifício Malibu, com dinheiro desviado da Saúde de Umuarama.
Operação Jaborandi
A defesa do prefeito de Umuarama disse, durante busca e apreensão realizada na casa de Pozzobom, em 26 de outubro de 2021, que “a busca foi normal na casa de Celso Pozzobom, e que nada de anormal foi encontrado”. O advogado Luiz Genésio Picolloto ainda destacou que todos os documentos considerados importantes para investigações foram apreendidos em outra operação, a Metástase. “Nem aparelhos eletrônicos como celulares ou computares foram levados desta vez”, destacou o advogado.
Operação Metástase
No mesmo dia que Umuarama foi alvo da Operação Metástase, no dia 5 de maio de 2021, ainda como prefeito, Pozzobom concedeu coletiva à imprensa, onde negou as acusações, e classificou de natural e fiscalizatória a operação do MPPR, já que o município recebeu grande valor de recurso para o combate à pandemia do novo coronavírus.
“Eles [MPPR] têm um levantamento do desvio de alguns recursos passados pelo Governo Federal para nossas entidades hospitalares, e eu sou o chefe do Executivo, estou aqui capitaneando um volume grande de pessoas e hoje algumas foram detidas ou afastadas, é passível que viessem buscar algumas coisas para ver se tinha indícios do chefe Executivo nisso também”, comentou o prefeito.
“A Justiça não acatou ainda a denúncia feita pelo MPPR. Ele foi uma das três pessoas que não foram acusados por formação de quadrilha ou corrupção. Por duas vezes a sua prisão foi negada pelo TRF”, disse o advogado Gustavo Bonini Guedes, durante Sessão Especial de Julgamento de cassação do mandato de Pozzobom.
Considerando a decisão da Comissão Processante como política, pois ainda não houve primeiro ato da Justiça, o advogado também ressaltou que a investigação e acusação do MPPR e da Comissão se basearam em uma conversa telefônica de Celso que ele considera “premeditória”, que não comprova envolvimento do prefeito afastado.
Sobre a Operação Metástase, a assessoria do Ministério Público do Estado do Paraná confirmou na segunda-feira (17), à reportagem do Portal da Cidade Umuarama, que "já foi concluída a investigação e proposta a denúncia criminal, que aguarda ser recebida pelo TJPR".