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PROPINA

Ex-chefe de Gabinete de Richa vira réu por corrupção no caso da PR-323

Juiz Sérgio Moro aceitou a denúncia contra Deonilson Roldo e outras 10 pessoas; segundo a denúncia, Odebrecht pagou propina para ser favorecida na obra

Publicado em 06/09/2018 às 05:33
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A PR-323 é considerada uma das mais importantes dos estado, fazendo ligação entre as regiões norte e noroeste (Foto: AEN)

Duas pessoas próximas ao ex-governador e candidato ao Senado, Beto Richa (PSDB), se tornaram réus na Operação Lava Jato nesta quarta-feira (5). Aceita pelo juiz Sergio Moro, a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) atinge o ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Comunicação de Richa, Deonilson Roldo, e o empresário Jorge Theodócio Atherino – apontado como sócio do tucano –, além de ex-executivos da Odebrecht. O caso está relacionado à Parceria Público-Privada (PPP) firmada para exploração e duplicação da rodovia PR-323, no Noroeste do estado.

Beto Richa segue como investigado. Segundo Moro, “embora existam indícios do envolvimento de outros agentes nos crimes, é razoável o oferecimento da peça em relação aqueles para os quais há melhor prova, sem detrimento da continuidade da investigação”.

Entre os 11 denunciados, estão ex-executivos da Odebrecht, como Benedicto Junior, Luciano Pizzato e Luiz Antônio Bueno Junior, que citaram repasses de propina à campanha de Beto Richa quando ele foi reeleito governador do Paraná, em 2014. Os supostos crimes envolvem corrupção (ativa e passiva), fraude a licitação e lavagem de dinheiro.

Segundo a denúncia, naquele ano, o Grupo Odebrecht, por intermédio de Benedicto Júnior, Bueno Júnior e Pizzato, teria feito um “acerto de corrupção” com Deonilson Roldo, quando este era chefe de gabinete de Richa. O acordo teria como contrapartida a limitação da concorrência da licitação da PPP da PR-323, favorecendo a Odebrecht, que tinha interesse direto em executar a obra. Os procuradores apontam que Roldo teria tratado do tema com pelo menos outras três empresas que, inicialmente, tinham interesse em disputar o certame. Entre elas a Contern, cujo diretor Pedro Rache gravou uma conversa na qual Roldo afirmou a ele que havia um “compromisso” para que a Odebrecht vencesse a licitação.

Pelo “acerto”, a empreiteira pagaria R$ 4 milhões a Richa, por intermédio de Roldo. De acordo com os ex-executivos – que já se tornaram delatores do esquema –, cerca de R$ 3,5 milhões foram efetivamente pagos, entre setembro e outubro de 2014. Segundo o sistema de contabilidade de propinas da Odebrecht, foram feitos três repasses de R$ 500 mil e dois de R$ 1 milhão. Ao final da licitação, o consórcio integrado pela empreiteira se sagrou vencedor, embora a obra nunca tenha saído do papel."

A denúncia observou, ainda, que, segundo outro delator do esquema – o ex-diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) Nelson Leal Junior –, Atherino é sócio de Richa em empreendimentos e loteamentos imobiliários, “fatos que se confirmaram durante a investigação”. Segundo o ex-diretor do DER, o esquema de corrupção relacionado à PR-323 não se tratava de um caso isolado.

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