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Saudades

‘Tigrão da Baixada’ tornou por décadas Umuarama palco das glórias do futebol

Nem mesmo um certo Flamengo de Zico foi capaz de impedir a fúria do Tigrão em sua arena

Publicado em 01/04/2021 às 05:17
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Os torcedores fanáticos pelo Tigrão lotavam o estádio municipal que recebia o carinhoso nome de Gigante da Baixada (Foto: Colaboração)

Quem hoje passa na frente do Estádio Municipal Lúcio Pipino não imagina, ou não se lembra mais, que ele foi palco de grandes jogos de futebol que envolveram times da elite paranaense, nacional e até internacional. Em campo, a nosso favor nesses grandes desafios estava o Umuarama Futebol Clube, ou Tigrão como gostam de chamar os saudosistas, os torcedores fanáticos, que também lotavam o estádio que recebia o carinhoso nome de Gigante da Baixada quando o time nele jogava.

Da sua fundação em 1971 a sua extinção, na década de 90, o time teve e revelou grandes craques, e seus nomes ficaram eternizados na história do Tigrão. Mas como seria natural por causa do tempo, os poucos jogadores que ainda têm vivida as lembranças de glórias da equipe de futebol, pontuam fragmentos destes feitos, e todos são unânimes em não pontuar um ou outro ex-companheiro de quatro linhas em respeito ao coletivo. Atualmente, quase 100 pessoas, entre ex-atletas e diretores se comunicam em uma corrente que mantém vivo o Tigrão.

Da sua fundação em 1971 a sua extinção, na década de 90, o time teve e revelou grandes craques

Uma dessas pessoas é o professor universitário Clóvis Uliana, de 66 anos, ele foi presidente do Umuarama Futebol Clube por duas ocasiões, presenciando como administrador e também como torcedor, alguns momentos especiais do Tigrão. “O auge do Umuarama foi na década de 70 e 80”, revela o professor que chegou na Capital da Amizade em 1955 com apenas um ano de idade, e, que por isso, antes mesmo de ser um profissional atuante no time, foi um torcedor.

“Disputando a divisão especial do Campeonato Paranaense, o Umuarama jogou contra os times da elite, realizou amistosos com outros grandes nacionais como Flamengo, Santos e também fez muitos amistosos contra times argentinos e paraguaios”. No dia 18 de abril de 1974 – ano de estreia de Zico no profissional na Gávea –, o poderoso Flamengo não conseguiu segurar o ímpeto do Tigrão, que venceu por 1 a 0 em amistoso no Gigante da Baixada. “O gol foi marcado pelo jogador Afonso”, lembra o ex-presidente.

Ex-jogadores do Umuarama Futebol Clube durante encontro no Estádio Municipal Lúcio Pipino

Até hoje o ex-presidente e torcedor do Umuarama Futebol Clube folheia arquivos de jornais de época para reviver as vitorias do Tigrão. 

Clóvis Uliana / professor / Umuarama

Sonho da volta

O futebol seria bem-vindo novamente a Umuarama, somos loucos por ele, e hoje temos que encarar viagens com amigos até cidades vizinhas para ver esse espetáculo

Clóvis Uliana / professor / Umuarama

Entre os títulos de destaque está o vice-campeonato da segunda divisão do paranaense de 1986, disputado contra o Pato Branco. E apesar de ser consenso em entre todos os ex-jogadores não destacar um ou outro amigo, vale lembrar de Bergão, Cattani, Dias, Jabá, Bernardo, Leonel, Mão de Onça, Marcos Gago, Oséias, Paulinho, Poleto, Serginho Gaúcho, Tiaca, Tonheca e Marinho, jogador vendido ao Flamengo. “Umuarama tinha respeito pelo trabalho profissional realizado, havia empréstimo e venda de jogadores realizado com grandes times do Brasil”, destaca Clóvis.

A maioria dos ex-atletas do Tigrão moram fora do Estado, e o único que ainda deve manter atividade na área esportiva é o treinador Anderson Gasparetto, de 46 anos. Gaspar, como é mais conhecido, jogou em 1992 no Umuarama Futebol Clube, disputando a segunda divisão do paranaense, antes de jogar no futebol paulista e finalmente se transferir para o futsal, categoria que o levou inclusive para a Europa. “Umuarama sempre teve grandes valores, e isso se deve muito ao poder de revelar profissionais por intermédio de suas categorias de base, e esse trabalho sempre foi bem empenhado pelo Milton Laurindo”, disse o técnico da Associação de Futsal da Capital da Amizade – equipe que disputará a próxima edição da Chave Prata do Campeonato Paranaense.

O Umuarama Futebol Clube trouxe a magia do esporte mais amado pelo brasileiro aos umuaramenses

Indiferente à presença do Tigrão, Milton Laurindo, o Miltão, de 62 anos, foi responsável pelo treino de mais de 4 mil jovens em quase 40 anos de profissão desempenhada em tardes ensolaradas no Estádio Municipal Lúcio Pipino. “A região teria como suprir a demanda por atletas com a estruturação de categorias de base que poderiam também com toda certeza manter novamente um time de futebol em Umuarama”, acredita Clóvis. A opinião também é dividida pelo técnico Gaspar.

Assim como ocorre com atualmente com o futsal, o futebol poderia ressurgir a partir da estruturação das escolinhas, atingindo jovens de diversos bairros da cidade, se estendendo também como meio de bem-estar para muitas crianças carentes. “O poder público não tem a obrigação de criar e sustentar uma entidade esportiva, mas pode apoiar, e a primeira coisa seria a criação de uma praça esportiva, assim como ocorre com o ginásio que oferece boa estrutura para o futsal”, argumenta o professor.

O professor universitário Clóvis Uliana ainda mantém atas financeiras do Umuarama Futebol Clube

Além de trazer a magia do esporte mais amado pelo brasileiro, de ver novamente um estádio lotado em Umuarama como o Gigante da Baixada ficava em dias de jogos do Tigrão, o futebol apresenta a cidade ao resto do Brasil. “Assim como ocorre com o Cianorte, por exemplo, um time de futebol eleva o nome da cidade, empresários podem tem sua marca divulgada. Lembro de um gol do Umuarama contra o Atlético Paranaense ser vinculada na abertura do Fantástico como chamada sobre as disputas regionais e ficar evidente na tela o nome de uma marca de alimentos que patrocinava os jogadores”, relembra Clóvis.

Enquanto o umuaramense não vê novamente o futebol triunfar na terrinha, o jeito é matar a saudade mantendo viva as glórias do Tigrão. Quem realiza trabalho neste sentido é o torcedor Zinho di Carvalho, que mantém um álbum compartilhado numa rede social com diversas fotos do time que são enviadas a ele, principalmente, por outros torcedores e ex-jogadores. “Eles estão contribuindo para deixar vivo na memória a história do nosso Tigrão, são personalizadas com o nome do time e nas cores da bandeira do time, algumas tendo até a escalação”, explicou Zinho.

O torcedor Zinho di Carvalho mantém um álbum compartilhado numa rede social com diversas fotos do time

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