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INTERNACIONAL

Conheça o artilheiro do handebol de Iporã que pode jogar no Barcelona

Imprensa espanhola já dá como certa contratação de Haniel, destaque do Brasil no último Mundial

Publicado em 02/04/2019 às 00:21

Haniel marcou 37 gols em oito partidas e ficou entre os 20 artilheiros no último Mundial (Foto: Foto: Patrik Stollarz / AFP)

Defender o Barcelona é sonho de consumo de nove (ou dez) entre dez jogadores de futebol, mas também da imensa maioria dos atletas do handebol. O capitão da seleção do Brasil, Thiagus Petrus, está lá e pode atuar ao lado de outro brasileiro na próxima temporada, já no segundo semestre: Haniel Langaro, 23 anos e 1,98m, que não confirma, mas estaria negociando tempo de contrato.

“Onde há fumaça, há fogo. Irá na próxima temporada ou na outra. Não podemos culpá-lo por este sonho. Se não quisesse, seria estranho”, admitiu Patrick Cazal, técnico do Dunkerque, à imprensa francesa.

“Queria jogar em clubes de expressão no exterior, na seleção e chegar à Olimpíada. Os próximos sonhos são chegar ao Barcelona e ao pódio olímpico. Este último é mais difícil”, admite Haniel, que diz saber do interesse dos catalães. “Só não houve proposta. Claro que não consigo desligar disso, mas tenho contrato na França por mais uma temporada. Vamos ver”.

No Barcelona desde agosto de 2018 e com contrato até junho de 2020, o colega Petrus põe o clube espanhol entre os 10 melhores do mundo. Segundo ele, há times europeus com elenco mais caro, mas, em estrutura, a modalidade teria o mesmo tratamento de futebol, futsal e hóquei.

“Desde que cheguei na Europa, em 2012, para o La Rioja, passei a admirar o Barcelona. É um dos clubes mais cobiçados e estou realizado neste sentido. Seria ótimo ter o Haniel, dois brasileiros no time principal”, disse Petrus, que nesta temporada ganhou tudo (Supercopa da Espanha, Copa da Catalunha, Super Globe e a Copa Sobal) e ainda garantiu matematicamente o 15º título do Espanhol (Liga Sobal). O time busca ainda o décimo troféu da Liga dos Campeões e disputará a Copa do Rei.


Impulso espanhol

Washington Nunes, técnico da seleção brasileira, torce por Haniel, que considera um “finalizador nato" com muito potencial de evolução. Conta com o lateral-esquerdo para os Jogos Pan-americanos, em Lima. O ouro garante vaga em Tóquio-2020. “Também acredito que ele fechará com o Barcelona. Estão negociando tempo de contrato. E isso demonstra o quanto tem feito sucesso”, aposta Nunes, que iniciará a preparação da seleção em Rio Maior, em Portugal, de 8 a 14 de abril.

O exílio precoce de Haniel tem relação direta com a falta de incentivo à modalidade e se deu graças a Jordi Ribera, técnico do Brasil de 2005 a 2008 e de 2012 a 2016 (hoje é treinador da Espanha).

Após escândalo por mau uso da verba pública, a Confederação Brasileira de Handebol perdeu todos os seus patrocinadores — o Comitê Olímpico do Brasil (COB) bancará as despesas na preparação da seleção rumo a Lima. Além disso, a liga nacional só tem dois times fortes: Pinheiros e Taubaté.

Ribeira, ao assumir a seleção, fez de tudo para tirar a modalidade da rotina. De clínicas a viagens. Projetou jovens talentos e os ajudou a cruzar o Atlântico rumo a Europa. Hoje, 98% dos atletas das seleções feminina e masculina jogam fora.

Haniel (com a camisa 8), aos 12 anos, no time de Francisco Alves / Foto: Arquivo pessoal

Sonho familiar

Haniel foi um deles. Descoberto em um camping da seleção, ele começou a jogar handebol por “tradição familiar”. O pai Alessandro, os tios e o irmão Davi são do handebol. Desde os 3 anos, ele acompanhava as viagens do pai e brincava com os outros jogadores do Iporã. “Corria atrás da bola, com a mamadeira na mão”, lembra Haniel, que passou a levar o esporte a sério com 10 anos, mudando-se para São Paulo aos 17. “Tive convites para jogar em vários clubes com 15. Mas meu pai fez questão que eu terminasse os estudos antes”.

Quando deixou a cidade rumo a São Paulo, Haniel sabia que era “para não voltar mais”. Levou consigo as boas lembranças e alguns hábitos: na França, ele sempre dá um jeito de preparar o churrasco típico do restaurante da família. Armou uma churrasqueira no jardim de casa e diz rezar pela chegada do verão para assar as carnes que ele compra pela internet “por uma fortuna”.

“Ninguém segura o Haniel”, diz Alessandro, de 44 anos, que chegou a ser convocado para a seleção no início dos anos 90, mas não pode atuar devido a uma lesão que abreviou sua carreira. Após dois anos na quadra, tornou-se técnico e hoje é diretor de esportes de Iporã, onde treinou o filho na base e o time feminino. Esse passado familiar se reflete numa espécie de homenagem que Haniel quer materializar para encher o pai de orgulho.

“Meu sonho é defender a seleção ao lado do meu irmão”, diz ele sobre Davi, que, aos 17 anos, já está no Pinheiros.


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