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Portadores de deficiência contam como vivem a rotina acadêmica em Umuarama

Publicado em 04/04/2017 às 07:41

Umuarama – Criado em julho de 2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência reconhece que todo cidadão faz jus a todos os direitos e liberdades de forma igual, sem discriminação. Em função disso, nesses quase dois anos de estatuto, é possível perceber que houve avanços na legislação brasileira, com a quebra de barreiras comunicacionais e físicas, para que pessoas com qualquer tipo de deficiência possam ter seu ensino/aprendizagem e desenvolvimento favorecidos.

Esse é o fator primordial da inclusão escolar que, em sua essência, tem o dever de proporcionar a adaptação do ensino ao estudante, para que possa aprender e desenvolver-se ao longo de sua trajetória acadêmica. A Universidade Paranaense tem consciência do seu papel quando o assunto é inclusão e acessibilidade, respeitando as normativas do estatuto, tanto no ensino aplicado aos futuros profissionais, quanto à estrutura do espaço que um aluno com deficiência precisa ao entrar em uma instituição de ensino superior.

Em suas sete Unidades, a Unipar recebe vários alunos com algum tipo de deficiência, seja física ou psicológica. Julio Cesar dos Santos, aluno do terceiro ano do curso de Direito na Unidade de Umuarama, é deficiente visual, mas isso, segundo ele, não o impede de viver a rotina acadêmica com satisfação igual a dos colegas. Julio ressalta que se sente realizado por ter conseguido ingressar em uma universidade.

“Era um sonho pelo qual tive que lutar bastante para conseguir, pois é só com estudo, dedicação e força de vontade que conseguimos alcançar nossos objetivos”, afirma. “Espero que meu dia a dia na Unipar possa servir como incentivo e inspiração a outras pessoas com deficiência”, complementa.

O moço, que mora em Altônia (e vem e volta todos os dias), tem uma ledora especialmente contratada pela Unipar para acompanhá-lo em todas as aulas e, para os estudos na biblioteca, dispõe de um scanner óptico; o aparelho faz a leitura em áudio de todos os livros que ele precisa ler.

“O começo não foi nada fácil, pois entrei na universidade com grandes expectativas, as quais não foram correspondidas logo de início”, conta. E justifica: “Eu sentia que precisava do auxílio de um profissional para ensinar a mim e aos professores como deveríamos trabalhar e nos relacionar, para que o processo de ensino aprendizagem se realizasse de maneira satisfatória”.

Com o tempo tudo foi melhorando, reconhece, principalmente depois que a Instituição contratou a ledora: “Foi na prática, e com bastante diálogo, que encontramos uma estratégia para um melhor aprendizado e o meu bem-estar; há ainda o que melhorar, mas, aos poucos, a Unipar está, sim, atendendo minhas expectativas”.

Cursando o primeiro ano do curso de Publicidade e Propaganda, Juliana Vieira é cadeirante e afirma que também está feliz e realizada com o curso. “Aqui na Unipar estou tendo todo apoio necessário para não perder o foco e a força de vontade; tudo isso faz com que eu supere os meus limites e consiga chegar aonde quero”, anima-se.

Ela também valoriza cada instante dessa oportunidade. “Sozinhos somos pequenos, mas a partir do momento em que encontramos um lugar que supre nossas necessidades, podemos alcançar o sucesso pessoal e profissional”, acredita. Quem também usufrui da estrutura e do apoio da Instituição para facilitar seu processo de ensino/aprendizagem é a estudante do 3º ano do curso de Medicina Veterinária, Jéssica Thaís Mota, que é deficiente auditiva.

Para assistir às aulas, ela conta com o auxílio das intérpretes de libras Lanieli Oliveira e Rúbia Brito. “Com a ajuda delas eu consigo acompanhar todas as aulas e os estágios”, afirma Jéssica, que não vê a deficiência como um empecilho na busca de uma formação profissional. Jéssica é bolsista do Pibic (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) da Unipar. “Estou feliz em poder realizar meu sonho, estudando na Unipar”, exclama.

Ledora e intérprete

Formada em Pedagogia, Andrielle do Nascimento é a profissional contratada pela Unipar para auxiliar o graduando Julio Cesar dos Santos, no curso de Direito. Desempenhando a função de ledora, ela acompanha o acadêmico em sala de aula, assistindo às aulas e fazendo anotações das matérias.

“Em seguida, via e-mail, envio a ele todo o material em PDF. Depois, em seu computador, ele tem um programa que faz toda a leitura em áudio”. A ledora explica ainda que nos dias de prova os dois ficam em sala separada a dos colegas dele. “Faço a leitura da prova ao lado dele; em seguida transcrevo as respostas que ele me passou”.

Sobre a importância desses recursos que a Unipar dispõe para a formação de alunos com necessidades especiais, ela ressalta. “Essa disponibilidade faz com que o acadêmico se sinta normal, igual aos outros, por mais que existam receios de colegas de curso de como agir e conviver com ele”. E enaltece:

“Acredito que precisamos de mais adaptações para esses alunos, mas estamos no caminho certo, melhorando a cada dia”. Para auxiliar os alunos com deficiência auditiva a Unipar dispõe de quatro intérpretes de libras, dois em Umuarama, um na Unidade de Toledo e um na Unidade de Francisco de Beltrão. 

Lanieli Oliveira e Rúbia Brito são responsáveis por traduzir simultaneamente o conteúdo do curso para a acadêmica Jéssica Thaís Mota. “Somos os ouvidos e a sua boca... acompanhamos todas as atividades teóricas e práticas, seja para interpretar tudo o que é falado e discutido em sala, como também para repassar ao professor suas dúvidas, perguntas, comentários”, explica Rúbia.

“Acredito que conhecer um pouco mais dos acadêmicos com deficiência, independente das suas necessidades, faz com que eles se sintam mais incluídos na Instituição”.

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