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Cultura

Escritor umuaramense é destaque no concurso nacional Poesia Livre 2020

Alessandro Salgado trouxe a reflexão sobre as transformações históricas e os impactos culturais de um povo

Publicado em 14/07/2020 às 02:54
Atualizado em

Alessandro Salgado é destaque no concurso nacional Poesia Livre (Foto: Mariana Salgado)

Crônicas, poemas, textos infantis e um café compõem o repertório do escritor umuaramense, Alessandro Salgado, que em 2020 é destaque no concurso nacional Poesia Livre, organizado pela editora Vivara, com a obra “Um livre continuar”, ao qual traz a reflexão sobre as transformações históricas e os impactos culturais de um povo.

Com objetivo de produzir literatura e fazer conexões com outros estados é o que instigou o jovem escritor a se inscrever no concurso nacional, que por vez, recebeu 2,877 inscrições e foram selecionadas 250 obras e a crônica do umuaramense, foi finalista e obteve a publicação, com distribuição no território federativo.

Para Alessandro Salgado é inenarrável a grande alegria de poder levar o nome de Umuarama para outros estados, além de realizar o grande sonho de infância: tornar reais os personagens e seus imaginários, a partir da escrita.

O projeto para o futuro é continuar o fomento da literatura por meios de livros físicos, digitais e principalmente o incentivo à leitura.

Em breve, o livro Poesia Livre será disponibilizado nas bibliotecas públicas de Umuarama e região gratuitamente.

Os trabalhos literários do escritor Alessandro Salgado também estão disponíveis na internet pelo site recantodasletras.com.br e o público pode conferir a crônica “Um livre continuar” que ganhou o prêmio entre outras obras.

Leia abaixo a crônica “Um livre continuar”:

Um Livre Continuar

    Entre um café e outro, ao som de Édith Piaf, pensei:

    "O homem não é nada mais do que aquilo que faz a si próprio", já versava Sartre ao qual sua máxima, coaduna-se na atual conjuntura, em que a raça humana encontra-se em assídua ação, na protagonização de mais uma crise terrestre.

    Há aqueles que alegam que são os finais dos tempos, outros, mais um problema a ser superado. Aos conhecedores da história, crises sempre existiram, sejam políticas como assassinatos de líderes, guerras mundiais e até cruzadas para lutarem em nome de Deus.

    Instabilidades econômicas que desde Roma perpassando a queda do império, baixa ou alta idade média, renascença e desdobramentos do pós moderno, com consequências políticas, resultaram em transtorno, instabilidade, desconfiança e medo.

    Há os que alegam que a humanidade está violenta e os fins dos tempos aí estão, mas outrora desconhecem que muitos pensadores foram assassinados continuamente no fogo da inquisição ou em batalhas nos campos de concentração, entre outras “missões” exacerbadamente fanáticas. Doenças medievais que dissipavam povos ou ideologias de pão e circo, que ludibriavam os cidadãos para interesses políticos, econômicos e quiçá particulares, fossem efetivadas. E o fim não chegou.

    O mundo sempre participou da grande dialética, a propiciar instabilidade, equilíbrio e modificação de conceitos instituídos convencionalmente.

    A crise é a antítese hegeliana, que busca fomentar novas propostas rumo a verdade ou a desconstrução de Nietzsche de um homem para a construção de um novo conceito em busca de superar suas fraquezas.

    Há crises que precisam ser superadas sejam em inquietações filosóficas, reivindicações sociais, reformulações políticas, readequações hídricas, reordenação do controle financeiro e novas propostas de aprender e ensinar a construção de ações sustentáveis, posto que, como corroborava Nietzsche, "é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante".

    Os atuais desdobramentos são oportunos para novos horizontes. Quando alguém se perde no caminho, há a crise e na grande dialética da necessidade, é momento de gerir novos direcionamentos, com o objetivo de encontrar-se. Ao fim, tudo volta ao equilíbrio, ou não.

    Infelizmente a humanidade em partes, não conhece sua história, o que a torna refém dos poderes políticos, econômicos, ideológicos e midiáticos.

    Crises passaram-se, muitas passarão e como alega Friedrich Nietzsche "o que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte".

    Conhecer é ter poder de reencantar não o mundo, mas, a si mesmo.

    Não há fim.

    Muito menos começo.

    Um livre continuar, mesmo no ato de recolher-se enquanto finalizo a última xícara de café, ao som da lua.

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