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Causa nobre

Mães compartilham desafios sobre a criação de filhos especiais: ‘Falta inclusão’

As umuaramenses, mães de alunos da Apae, acreditam na luta em favor da acessibilidade e contra a exclusão

Publicado em 16/09/2021 às 10:00

Ana Cristina Rodrigues da Silva e a filha, a pequena Ana Livia Rodrigues Ferreira, de um ano e quatro meses (Foto: Portal da Cidade Umuarama/Eduardo Sebim)

Ter um filho é viver uma constante descoberta desde a gestação. Foi assim com a Ana Cristina Rodrigues da Silva, mãe da pequena Ana Livia Rodrigues Ferreira, de um ano e quatro meses. A Ana teve uma gestação sem intercorrências e cheia de expectativa com a chegada da filha. Após cinco meses de vida, a mãe percebeu que a Ana não conseguia firmar o tronco. “Foi um choque, fui a vários médicos e eles relataram que cada criança se desenvolvia no tempo delas”, lembra.

Preocupada, a mãe só conseguiu o diagnóstico de paralisia cerebral após uma consulta com um neurologista. Ana conta que os desafios são diários. “Desde o diagnóstico até a falta de inclusão, temos um longo caminho para percorrer”, desabafa.

A pequena Ana Livia é aluna da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) desde os oito meses e de acordo com a mãe o tratamento potencializa o desenvolvimento da filha. “Quero que ela seja independente, mesmo com as limitações”, comenta. A mãe relata que não se deve abandonar o tratamento ou excluir as pessoas especiais.

Quem também acredita na luta em favor da acessibilidade é a Shirley Elisabethe Fiorot, mãe adotiva do Jeverson Martins dos Santos, de 30 anos, que também é aluno da Apae. Shirley conta que devido à falta de oxigenação, os médicos relataram que Jeverson teria limitações em seu desenvolvimento.

Shirley Elisabethe Fiorot, e o filho do coração, Jeverson Martins dos Santos, de 30 anos

A mãe biológica de Jeverson é prima do ex-marido de Shirley e passou por uma gravidez de risco. Na época, os médicos alertaram que a mãe não tinha condições para fazer uma cesárea e a criança nasceu por parto normal. Sabendo das limitações, a mãe biológica argumentou que não tinha condições de criar o bebê e perguntou se a Shirley não gostaria de ficar com o Jeverson, caso contrário, a criança seria entregue para adoção em um abrigo.

Shirley, que já é mãe de dois filhos biológicos, não pensou duas vezes e fez de Jeverson o seu filho do coração desde os primeiros meses de vida. Ela conta que as dificuldades foram minimizadas com o apoio da família e a força de vontade de Jeverson. “Ele é aluno da Apae há 29 anos e mesmo com todas as limitações é muito esforçado”, conta.

Se Shirley não tivesse adotado o Jeverson há 30 anos, talvez o destino do rapaz tivesse sido diferente. “Infelizmente, muitas crianças permanecem em abrigos por vários anos e não são adotadas”, lamenta. Para ela, é necessário abrir espaço para debates sobre a adoção de crianças especiais.

Inclusão

Jeverson Martins dos Santos e Ana Livia Rodrigues Ferreira, alunos da Apae, são protagonistas da 1ª Exposição Fotográfica “Transformando conhecimento em ação”, idealizada pela professora e neuropsicopedagoga, Sabrina da Silva Teles.

A professora Sabrina conta que a intenção é divulgar conhecimento sobre as condições das pessoas com necessidades educacionais especiais, além de levar essa pauta para mais lugares. “Queremos que a população compreenda que ações como essa não podem ser pontuais”, diz.

Os quadros da 1ª Exposição Fotográfica “Transformando conhecimento em ação” estão expostos na Apae de Umuarama 

Em cada quadro há um depoimento das famílias dos participantes da exposição, que é itinerante e irá percorrer vários locais de Umuarama até o final do ano. Atualmente, os quadros estão sendo expostos na Apae. 

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