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Investigação

Manutenção irregular provocou acidente que matou piloto umuaramense

Asa foi consertada com massa plástica, e peças velhas, colocadas em aeronave, sem qualquer aviso ao piloto

Publicado em 19/03/2018 às 07:07
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O piloto Marcos Davi Xavier, de 38 anos, morreu com a queda da aeronave (Foto: Fantástico/Rede Globo)

Uma investigação que durou dois anos e foi conduzida pela Polícia Civil do Mato Grosso do Sul indica que o acidente aeronáutico que matou o piloto umuaramense Marcos Davi Xavier, de 36 anos, foi provocado por manutenção irregular do avião. A longa investigação da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco), foi destaque do programa Fantástico da Rede Globo, deste domingo (18).

De acordo com a delegada Ana Cláudia Medina, as hélices da aeronave foram adulteradas e aproveitadas de outro avião, o que é proibido, e pior, uma das asas do avião foi recuperada com massa plástica automobilística, algo totalmente impensável de ser utilizado em uma área que exige a máxima segurança.  “Esse avião foi desmontando no ar por erro de manutenção”, disse Domingos Sávio Ribas, perito criminal.

(Foto: Ricardo Mello/TV Morena)

O avião bimotor pilotado por Xavier que caiu na fazenda Novo Horizonte, em Miranda, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, fazia táxi-aéreo clandestino na época do acidente, em setembro de 2016, para a empresa MS Táxi Aéreo. Essa foi a conclusão do laudo da Deco. A aeronave também já tinha sofrido outros dois acidentes: em 2009 a asa direita bateu no solo após um pouso e em 2013 as hélices ficaram retorcidas durante um voo.

O avião passou por manutenção em empresa que pertence também a MS Táxi Aéreo, que de acordo com a investigação não tinha qualquer controle das trocas de peças. E a empresa de táxi aéreo estava interditada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) quando ocorreu o acidente que matou o umuaramense. “Nós temos o voo dessa aeronave que é de propriedade privada e estava fazendo um voo de táxi aéreo, é um estelionato”, disse a delegada.

(Foto: Ricardo Mello/TV Morena)

A investigação da Polícia Civil também descobriu um comércio ilegal, com uma rede de desmanche de aviões para reaproveitar peças. E tudo começou com um boletim de ocorrência alegando furto de hélices do estoque de uma oficina. Os mecânicos investigados em Mato Grosso do Sul fizeram consertos e enviaram peças para aeronaves que voavam em outros seis estados (MS, SP, RJ, RS, PR, BA).

No rastro das manutenções ilegais, a Delegacia de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso do Sul vistoriou 14 oficinas: oito eram clandestinas.  Mais de 300 peças foram apreendidas e avaliadas em mais de 2 milhões de reais.

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